A Medicina do Estilo de Vida
A nova especialidade da Medicina que vai ajudar você a mudar de hábitos e prevenir infartos e doenças como a diabetes
E se ao entrar em um consultório, o médico garantisse a você que hábitos saudáveis são capazes de reduzir significativamente a quantidade de remédios prescritos para muitas doenças? E quem sabe até acabar com a necessidade de usá-los? Ainda pouco conhecida no Brasil, a Medicina do Estilo de Vida é uma especialidade em que os hábitos são o principal tratamento, enquanto os medicamentos são complemento para o bem-estar. Considerando que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos mais de 15 milhões de pessoas no mundo morrem de doenças não transmissíveis causadas por dietas pouco saudáveis, falta de atividade física, consumo de tabaco e uso abusivo de álcool, esta nova especialidade pode ser a chave para a longevidade com qualidade.
Nutrição. Atividade Física. Sono. Controle dos Tóxicos. Manejo do Estresse. Relacionamentos Saudáveis. Fundamentada nestes seis pilares de saúde, a Medicina do Estilo de Vida utiliza evidências científicas – pesquisas – no engajamento do paciente para a mudança de hábitos. “Há vários estudos importantes que mostram os impactos da rotina, da alimentação, da prática ou não de atividade física e uso de álcool e tabaco na expectativa e qualidade de vida. Considerar o comportamento do indivíduo como a principal abordagem para prevenção e tratamento de doenças é um dos fatores que a difere da medicina tradicional, que tem o medicamento como o centro do tratamento”, explica Gabriel Rozin, pneumologista e especialista em Medicina do Estilo de Vida do Einstein.
Para exemplificar, um estudo publicado em julho deste ano pela revista científica Circulation, da American Heart Association, mostrou que a adesão a um estilo de vida de baixo risco foi capaz de prolongar a expectativa de vida em 14 e 12,2 anos em mulheres e homens norte-americanos, respectivamente. Durante 34 anos, a pesquisa “Impacto dos Fatores de Estilo de Vida Saudável na Expectativa de Vida da População nos Estados Unidos” acompanhou, durante 34 anos, 78.865 mulheres e 44.354 homens.
Mas, como afirma o especialista em Medicina do Estilo de Vida do Einstein, a maioria das pessoas sabe que fumar faz mal à saúde, que o excesso de açúcar está associado a maior risco de diabetes e que o sedentarismo contribui para uma série doenças. “Saber o que faz bem ou mal para a saúde não é o que fará alguém mudar de atitude perante à saúde. O grande diferencial da Medicina do Estilo de Vida é a abordagem primariamente comportamental”, explica Rozin.
O médico explica que, uma vez engajados em um comportamento mais saudável, os indivíduos se tornam mais abertos a novos conhecimentos sobre saúde. “Um exemplo que não é conhecimento geral é o de que o consumo excessivo de proteína animal está, em muitos estudos já publicados, relacionado a maior mortalidade cardiovascular e maior risco de desenvolvimento de câncer”, diz Rozin. O progressivo empoderamento do indivíduo a respeito da sua saúde é capaz de promover transformações incríveis como reversão de diabetes, hipertensão arterial, transtornos depressivos e até doenças autoimunes."
O profissional, que atua nesta nova forma de fazer medicina, utiliza uma série de técnicas da ciência do comportamento – como entrevista motivacional, terapia cognitiva comportamental e psicologia positiva – para entender as razões individuais para hábitos não saudáveis e as motivações para o engajamento no processo de mudança. Nas conversas, são abordados vários aspectos da vida do paciente, como a rotina no trabalho, as relações pessoais e os costumes familiares. Gabriel Rozin explica que, na maioria das vezes, as pessoas não sabem os motivos que as fazem comer muito doce, preferir alimentos industrializados ou fumar. “É por isso que muitos tratamentos não dão certo. Na Medicina do Estilo de Vida, o discurso do médico é ajustado para a realidade do paciente com objetivo de incentivá-lo a ser protagonista da sua própria saúde. O médico é o parceiro, o cara que o acompanha nessa caminhada.”
O percurso rumo a uma vida mais saudável e mais longeva é definido em conjunto para a melhoria dos seis pilares da Medicina do Estilo de Vida. Médico e paciente traçam as metas, levando em consideração o momento de vida e as necessidades do paciente. Os estudos científicos são utilizados para maior engajamento.
Os seis pilares para uma vida saudável:
Nutrição – Alimentação é ponto fundamental para a saúde e pode ser o tratamento ou a causa de uma variedade de doenças. Ancorada em estudos médicos, a Medicina do Estilo de Vida recomenda uma nutrição predominantemente vegetal, integral e natural. O consumo de ampla variedade de hortaliças, leguminosas (lentilha, feijão e grão de bico, por exemplo), frutas, castanhas e sementes também é altamente indicado. Alimentos processados e industrializados, bem como proteínas animais – carne, leite e ovos – estão associados a uma série de doenças, como câncer, derrame, diabetes, infecções, além de doenças renais, cardíacas, respiratórias e de fígado.
Atividade Física – Qualquer atividade física tem efeito em prevenção, tratamento e até reversão de doenças e não precisa ser uma prática esportiva - como futebol ou natação. Pode ser caminhada, dança ou qualquer ação que movimente o corpo. 150 minutos semanais divididos ao longo da semana é o mínimo recomendado (21 minutos por dia!)
Sono – Apesar de ser menosprezado pela sociedade nos dias de hoje, o sono é fator importantíssimo para a saúde. Quem pouco dorme pode ter transtornos de concentração e memória, disfunções imunológicas, aumento da ansiedade e, o pior, desenvolvimento ou piora de doenças crônicas. No geral, as pessoas precisam de 7 a 9 horas de um sono bem dormido e, preferencialmente à noite, porque inverter os turnos também traz prejuízos. É importante identificar e tratar distúrbios, como apneia e insônia.
Controle de Tóxicos – Tabaco e álcool são as principais drogas lícitas da sociedade causadoras de doenças. O tabaco está fortemente associado a males, como câncer (vários tipos) e doenças cardíacas. Já o consumo exagerado de álcool pode levar a doenças, como cirrose, câncer, pancreatite, entre outros.
Manejo do Estresse – Não controlado, o estresse pode ser fator para o desencadeamento de ansiedade, depressão, obesidade, piora da imunidade e, consequentemente, da saúde. A Medicina do Estilo de Vida tem como um dos seus objetivos ajudar os pacientes a identificar as causas do estresse negativo e gerar mecanismos para lidar melhor com ele e, assim, facilitar o desenvolvimento de hábitos saudáveis.
Relacionamentos – A conexão social é primordial para a saúde. Estudos científicos mostram que pessoas com relacionamentos positivos tendem a ser mais saudáveis e ter maior longevidade. O Isolamento e a solidão estão associados a maior chance do desenvolvimento de doenças e morte precoce.
(Fonte: Agência Einstein)